25.10.03

O catador e o pierrô, a uma árvore:
- Consta que o seu tempo é de uma diatação imensa em relação à nossa cognição, e que se de um lado o nosso sonho é propício à fantasia e aos devaneios, o seu sonho é o desdobramento miraculante da matéria em galhos, folhas, frutos...
- (...)
- Outra coisa que observamos, apesar do seu silêncio, é que a questão humana talvez se insira no todo-movente como um dos desdobramentos de uma aceleração imensa, que partiu de nebulosas, solidificou-se como um planeta, casualmente formou os dias e as noites, e culminou em sinapses. Você, que também faz parte desse processo, confirma isso?
- (...)
- E pensamos também que apesar da sua presença nos ser tão marcante, do ponto de vista da nossa cognição, que pela visão te destacou como objeto do resto da paisagem, a nossa presença mesma para você não passa de uma leve agitação, um pequeno turbilhão em meio à sua velocidade extremamente dilatada. Você concorda?
- (...)
Nesse momento, três ciclones em corpo de mulher desciam a rua. A conversa ainda se manteve como uma brasa, mas as três novas velocidades já haviam deslocado as atenções. A árvore continuou se movimentando - como sempre, imperceptível ao olhar.
Os outros entraram para a Obra.

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