Naturalistas do Seculo XXI

Viagem de luz e escuridao. Ha quem nao acredite em dias perfeitos. Eu mesmo nao acreditava a esse ponto na perfeicao. Mas talvez o grande acontecimento tenha sido o contato com a imperfeicao toda, aresta pura se abismando em outras por todo o dia. Por todo o mundo. Universos.
O que estava acontecendo no resto do mundo é que era segunda-feira. Mais precisamente segunda de manha. E essa imagem fica agora provisoriamente fechada nesse texto, ja que os nossos intrepidos Naturalistas do Seculo XXI saiam, naquele momento, em direção a Lapinha para cursar a Materia modulada: Rudimentos de Fotografia e Elementos de Espeleologia. Viagem de luz e escuridao.

Perder-se

Descemos em lagoa santa e decidimos caminhar ate lapinha. Eram seis quilometros que se resolveram, em parte, com uma carona. O resto foram dois quilometros a pé em que os nossos dois personagens - diga-se de passagem o catador de inquietudes e a ciclista de velocidades - paravam a cada dez metros, e não podiam acreditar como vivem a tao pouca distância disso tudo e não vao la todos os dias!!
Nesse trecho descobrimos:
- a atracao voraz dos cupins e dos bois pela sombra das arvores, que se da em velocidades diferentes
- a rejeicao do macaco pos-moderno a banana, que oferecemos insistentemente
- uma GRUTA!!!

agua mole em pedra bruta, tanto bate ate que gruta

Um macico de pedra. Uma fenda, varias fendas. Maritacas sobrevoando, um grito multiplo, sem centro fixo.
A fenda principal uma gruta. Um caminho na rocha, nas veias da pedra, onde passava o rio. Entramos, espremidos, agachados, um pouco sufocados (eu, pelo menos). E no fundo - espeleotemas, poemas, filosofemas. Comemos feito geologos: no fundo da caverna. E apagamos as luzes para sermos inundados da escuridao. E no silencio mais absoluto, ouviamos apenas os nossos corpos, e o agitar das maritacas, la fora, que fazia da pedra uma caixa de ressonância.

um grito por seculos

continua no próximo capítulo...