3.11.05

para bdocavaco, a propósito dos ruídos

às vezes, à procura do silêncio, mergulho o corpo, a cabeça, os ouvidos na banheira branca da minha casa.
uma tarde, debaixo d'água, percebi que a vida se movimentava ali - uma criança chorando, vozes em outras línguas, o sobe-desce do elevador, corpos se amando.
a vida, agora frequências sonoras, percorre o encanamento antigo que liga a banheira branca do meu silêncio ao mundo privado de outem.

às vezes, em busca desses afetos, mergulho o corpo em silêncio na liquidez morna de uma banheira branca.

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