29.10.04

Sugestao de pauta
para Desveladora

E se Deus eh canhoto e escreveu com a mao esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas desse mundo...

C.D.A.

26.10.04

no blog, cacá.
barthes, hilda, violetas e exercícios de tradução.

no peito, saudade. e o sorriso de todas as lembranças.

(primeira lição de como sorrir e sentir um quentinho no de dentro do corpo, em uma manhã)

- ana, vem cá.
- diz thais.
- minha mãe viajou e pedi a ela que trouxesse uma lembrancinha para você. espero que goste.
- já gostei, querida. do gesto.

em meu braço, a pequena enlaça uma fitinha de nossa senhora aparecida.

no rosto, um afeto.

(primeira lição de como sorrir e sentir um quentinho no de dentro do corpo em uma tarde)

Exercicio de traducao:

Sun's gash, ardent rose
Those woven blood, the most
extreme, exposed, extensive heart
All the poet's delicacy
flows
worn out
In a throbbing circle. That's how I mind you.

Hilda Hilst


I am waiting for an arrival, a return, a promised sign. I am waiting for no more than a telephone call, but the anxiety is the same. Everything is solemn: I have no sense of proportions.
(The anxiety of waiting is not continuously violent; it has its matte moments; I am waiting, and everything around my waiting is stricken with unreality: in this cafe, I look at the others who come in, chat, joke, read calmly: they are not waiting.)

Roland Barthes
"Pastor, as violetas estao sobre os pilares.
eh tempo do poeta abrir seu canto
Tempo de iniciacao, tempo de esfera
E de uma linha-mundo, curvo-reta:
Trajetoria de amor e de amplidao."

proces.
(da Hilda)

25.10.04

explicações?
na falta de qualquer outra coisa.

(hiroshima, mon amour)
Acreditar no mundo é o que mais nos falta, nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele. Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espacitempos, mesmo de superfície ou volume reduzidos.

24.10.04

as mãos, pela janela, brincam com o vento.
seria uma borboleta?

23.10.04

para glaura.

O Ipê que vive no fundo do meu quintal é amarelo. E tem no tronco uma Primavera rosa.

O Ipê que vive no fundo do meu quintal floresce assim, assim. E se cobre, a cada ano, de um amarelo-rosa.

O Ipê que vive no fundo do meu quintal floresce e depois se finge de morto. E então, após o amarelo-rosa de um só olhar, a morte aparente. Marrom. Amarelo. Rosa. Esses despudores. E se cobre com um vestido verde.

21.10.04

Pode falar-se de boa saúde mental em van Gogh que por toda a sua vida só assou uma das mãos e quanto ao resto não fez mais do que cortar, uma vez, a orelha esquerda
num mundo que todos os dias come vagina cozida com molho verde, ou sexo de recém nascido flagelado e enraivado
mal o apanha à saída do sexo materno.
E não se trata de imagem, isto, mas de um facto quotidianamente repetido e cultivado em abundância pela terra inteira.
Por isso, mais delirante nos pareça tal afirmação, a vida presente se mantém na velha atmosfera de estupro, anarquia, desordem, delírio, desregramento, loucura crônica, inércia burguesa, anomalia psíquica (porque não foi o homem mas o mundo que se transformou num anormal), de assumida desonestidade e de hipocrisia insigne, porcalhão desprezo por tudo quanto exibe raça,
reivindicação de uma ordem baseada por inteiro no cumprimento de uma injustiça primitiva,
de crime organizado, enfim.



este é o início de um livro do Artaud: "Van Gogh o suicidado da Sociedade"

19.10.04

Sinfonia para Xilrofone (Sol)
para Maria Carol

O caminho por uma rua brevemente iluminada
pelo sol que agita a manhã no bico dos passarinhos
alguns nos fios de telefone e iluminação
embora a maioria prefira os retorcidos galhos de uma paineira

As sombras se desencaixam dos muros para ir dormir
e deixar o sol estatelar no chão
acordar aquele que dorme na calçada,
lamber novamente a face contorcida do planeta

Debaixo da paineira acorda o maestro,
xinga um bem-te-vi que desencaixou o canto,
junta os trapos,
e faz um solo de delírios topográficos

Se desencerra o canto,
pés - desenho de si
corpo indócil sem partitura possível
que não seja vento,
folha,
grito no muro.


18.10.04

webzine da rede jovem de cidadania

visite

11.10.04

"afinal, a figura da origem do literário só pode ser a de uma caixa negra, de onde irrompem forças do caos e as que lhe dão ordenações infinitamente transitórias."

silvina rodrigues lopes



e olha, cá é lisótima. quem quiser vir, pá, estou a esperar as cenas.


9.10.04

Um dia, nosso amigo Aruoval encontrou-se com um outro igualmente amigo que para facilitar vamos chamar de Bauchar. Foi na mesma casa em que se encontraram B e VL há alguns posts atrás, ou abaixo. Havia também um rato. Esdrúxulo. Roendo uma costela de mariposa (ou pulga, ou um negócio assim).
Dedo em riste (Aruoval) - horrorizai-vos, essa é a coisa mais absurda que eu já vi! Comparável a comer um repolho triste...
Concordaram os eletrodomésticos (varal, maçaneta, troféu no canto). Não que a alegria fizesse parte de suas vidas, mas que ao menos se desse ao respeito!
Bauchar, bacharel em baixarias, após chorrir - dentes cheios de esquinas - pestanejou entreaberto:
- Só bisturi.
Agora sim acordados, apertaram-se as mãos, que deixaram os braços para trás.

MORAL DA HIATÒRIA: Vidro bom é sem relevo.
ceossttreelbauchar
É super bachiano isso, né?
É!
Mais um?
ar


























lavoura















caixa
































entusiasmo




Um post meio sem ter o que dizer

No dia em que Bach e Villa Lobos se encontraram em Santa Tereza, um disse ao outro:
- Minha fala veio da sua escuta
O outro escutou, pensando que um acorde deveria ter a forma de uma calha, para recolher a fluidez do tempo.
- Meu tempo veio do seu tempo - , e não era um acordo.
Muito pelo contrário.
.oirártnoc olep otuiM

post comemorativo de um minuto que se abriu a uma noite.
pastor de nuvens e catador de inquietudes
Outro dia, enquanto calminhava pela rua em companhia da mensageira, um velhinho passou por nós cantando "o tempo não pára"
Um momento do qual se pôde extrair grandes ensinamentos.

8.10.04

Dois grandes amigos acabam de se conhecer. O primeiro encontro. Afinidade, deslumbre, estranhamento. Um novo encontro? Conhecer ao primeiro encontro... Amigos toda vida. Até a morte. Um deles vê o outro morrer. Qual é a relação entre esse momento e o primeiro momento, em que se conheceram? Em quem se tornam as relações? Como a imagem de ambas vidas inteiras se transformam? Você está com sede. Vai na cozinha e toma um suco de caju. Que delícia, adoro suco de caju. Olha, queijo! adoro queijo. Corta-o e come um pedaço. O que acontece com o sabor do suco de caju nesse momento? E depois da refeição? É possível distinguir os sabores? Qual veio antes ou depois? Será que o primeiro gole do suco já supunha o sabor posterior do queijo? Você está na casa de um amigo, acaba a luz. Você tem que ir e voltar no meio do breu total, desenvolvendo na volta o mesmo caminho da ida. Qual é a diferença entre o primeiro e o último passo? Quem escuta uma gota cair imagina que está chovendo?
Essas são algumas questões envolvidas na experiência da escuta musical.



5.10.04

1.10.04

Em reconhecimento ao "Tratado geral da suspensão total e irrestrita da ponderação, da contenção e da privação" afirmo que na proxima lua crescente vou rumar pra Dinamarca, e lah encantar cisnes, observar formigas e declarar amor.