a respeito de bananas poesia e neurose
o que me mata a poesia é essa neurose.
hoje à tarde, enquanto trabalhava, uma fome avassaladora me acometeu. meu chefe não estava em casa (sim. tenho um chefe. e trabalho na casa dele). pensei: ou desço e como alguma coisa, ou saio e compro alguma coisa para comer. a segunda opção foi logo descartada. eu teria que deixar a casa sozinha. e a mercearia fica a algumas quadras de distância. enfim, desci e comi uma banana. e, acredite, isso é uma questão. fiquei paranóica, porque não devia ter comido a banana, porque tem uma câmera aqui, porque eu deveria esperar a onça voltar antes de comer a banana. mas sim, eu estava com fome. muita muita. e agora? digo que comi a banana, ou deixo pra lá? deixei pra lá, afinal comer uma banana não é crime dos mais graves. mas voltei pra casa com uma baita indigestão. com aquele desconforto de quem pode ser descoberto a qualquer instante. é essa vigilância silenciosa dos EUA. esse olhar que pune qualquer movimento espontâneo do corpo. essa esquizofrenia.
o que me resta, é inventar a poesia. se é que me dou a essas criações.
o que me mata a poesia é essa neurose.
hoje à tarde, enquanto trabalhava, uma fome avassaladora me acometeu. meu chefe não estava em casa (sim. tenho um chefe. e trabalho na casa dele). pensei: ou desço e como alguma coisa, ou saio e compro alguma coisa para comer. a segunda opção foi logo descartada. eu teria que deixar a casa sozinha. e a mercearia fica a algumas quadras de distância. enfim, desci e comi uma banana. e, acredite, isso é uma questão. fiquei paranóica, porque não devia ter comido a banana, porque tem uma câmera aqui, porque eu deveria esperar a onça voltar antes de comer a banana. mas sim, eu estava com fome. muita muita. e agora? digo que comi a banana, ou deixo pra lá? deixei pra lá, afinal comer uma banana não é crime dos mais graves. mas voltei pra casa com uma baita indigestão. com aquele desconforto de quem pode ser descoberto a qualquer instante. é essa vigilância silenciosa dos EUA. esse olhar que pune qualquer movimento espontâneo do corpo. essa esquizofrenia.
o que me resta, é inventar a poesia. se é que me dou a essas criações.